Park Shopping Barigui. Em um domingo, estava eu na fila da Fnac quando vi um ex-professor meu de Direito Administrativo andando pela loja. Ele parou em frente a um grande livro muito bem embalado em um plástico transparente. Como que por um impulso, seus dedos começaram a retirar a embalagem enquanto ele olhava para os lados, para ver se alguém estava vendo. Parecia uma criança aprontando. Pude imaginar seus pensamentos. “Será que alguém vai ver?”.
Periferia de Curitiba, meu habitat natural, quarta-feira pela manhã. Uma senhora usa o lenço de papel enquanto caminha. Após utilizar-se do lencinho disfarçadamente coloca a mão para trás e “pluft” o lencinho “cai” no chão.
Uma cidade qualquer, em um banco qualquer. O rapaz suado, nervoso, olha o relógio, observa se estão todos ocupados aos seu redor e entra no sistema do banco, faz a transferência de R$ 0,01 centavo da conta de todos os clientes para sua conta pessoal, certo de que ninguém notaria.
Em outra cidade qualquer, em um dia qualquer. Um rapaz armado aborda uma senhora, nervoso e aparentemente perturbado ele fala: “Me dá sua carteira, me dá logo ou eu atiro”. A senhora desesperada dá a bolsa para ele e ele sai correndo.
Histórias diferentes que, aparentemente, não tem nada em comum. Será?
O que cada uma dessas pessoas tem em comum? O que liga uma história na outra?
Todos sabiam que o que estavam fazendo não era certo, tinham consciência e, mesmo assim, o fizeram.
O que move uma pessoa a fazer algo sabendo que isso não deveria ser feito?
Estamos tão envolvidos com o nosso “querer” e com as nossas necessidades que deixamos a consciência do certo e errado de lado. Não importa o quanto isso grite na nossa cabeça, agimos no impulso de suprir aquela necessidade em maior ou menor gravidade.
Esses são alguns exemplos das atitudes egoísta que nos tomamos. Basta pegar o jornal e ver quantas outras existem. Corrupção, assassinatos, sequestros, descaso com o meio ambiente, descaso com as pessoas que necessitam de ajuda, fofocas, falta de respeito, demonstrações de hipocrisia, etc.
Estamos tão envolvidos com o nosso ego que nem percebemos que esse sentimento sim é o mal do século, é o mal da raça humana.
Até quando a consciência do “o que estou fazendo é errado” vai ficar apagada diante do “eu quero e que se dane”? Até quando o EU QUERO será maior diante do NÃO DEVO!
Até quando pediremos por mudanças nos outros e vamos esquecer de mudar a nós mesmos? Até quando vamos justificar nossas atitudes erradas pelo simples fato de ser NOSSA atitude (se sou eu quem faz pode, se é o outro não)?
Até quando vamos procurar o caminho mais fácil mesmo sabendo que é o caminho errado?
Esse é meu exercício diário, antes de querer que alguém aja diferente eu me pergunto: a quem EU estou dando mais ouvidos, a minha consciência ou ao meu “umbigo”?
Eu sei, ninguém é perfeito, eu também não sou. Mas não posso utilizar disso a vida inteira para justificar o que faço sabendo que estou errada.
Esse é o exercício que eu proponho. Reflita um segundo o que é mais importante, o fazer CERTO ou continuar fazendo o SEU errado?
“Mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira” (Renato Russo)
Ótima reflexão pra você! :)
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