segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O Restaurante abandonado...

Eram aproximadamente 8:30 quando desembarquei, o destino já havia sido decidido e, sem fazer qualquer parada, me dirigi ao local escolhido para ter “um momento a sós comigo mesma”.
O dia estava cinza, o tempo gelado e a cidade parecia vazia, as pessoas estavam recolhidas em suas casas e somente as panificadoras estavam abertas. Eu havia decidido ficar em jejum.
Cheguei e procurei uma árvore para sentar-me ao lado. Um lugar lindo que, apesar de ter toques humanos, não perdeu o encanto de estar entre a natureza. Muitos pássaros cantando, o som de um riacho que corria e o cheiro de mato dominavam o lugar.
Sentei-me e fechei os olhos tentando absorver aquele ambiente de paz em que eu estava, mas não obtive sucesso. Meu interior estava barulhento: Confusão de sentimentos, confusão de pensamentos e uma inquietação irritante. Levantei e enterrei meu pé na terra... Orei e sem saber exatamente o porquê, chorei... As lagrimas doíam e a inquietação ficou maior... 


Resolvi andar e parei para observar uma casa abandonada que estava atrás do local onde eu estava sentada. Por um impulso fui até a porta e resolvi ver se estava aberta, e estava.
Um antigo restaurante abandonado, sujo e cheio de entulhos, escuro e sem energia elétrica. No chão, muitas folhas secas, quadros, uma grande mesa de madeira atravessada na sala e uma cozinha com um fogão a lenha e utensílios sujos e enferrujados. Tomado pelo pó e pelas teias de aranha, mas, por algum motivo que não saberia explicar naquele momento, identifiquei-me com o lugar e senti uma tranquilidade dentro de mim.

Joguei um pano no chão e lá fiquei sentada olhando para aquele lugar. Rústico, rico em detalhes, parede em tijolo cru, estante de tronco de árvore, uma lareira e um local para assar pizza aberta na parede. Abandonado porem lindo. Imaginei como seria aquele interior arrumado, cada coisa em seu lugar e o lixo jogado fora. Devidamente varrido e organizado.

Só então percebi que o interior daquele restaurante correspondia ao meu. 

Um raio de sol entrou pela janela e iluminou a cozinha e novamente chorei... Sem dor, sem tristeza, mas agradecida por ter a resposta que precisava.
A resposta foi que, definitivamente, não importa onde eu esteja, como as coisas estão ao meu redor, quem esta ao meu lado, a roupa que eu visto, os objetos que eu tenha, nada importa se o meu interior não estiver arrumado, o entulho do dia a dia jogado fora, os sentimentos bons em seus devidos lugares e os ruins varridos de mim, eu não encontrarei a paz que eu preciso. De dentro pra fora.
Sai do restaurante, sentei ao sol e enterrei meus pés novamente na terra e senti que a vida fluía em mim... Energia renovada.

Despedi-me daquele lugar sabendo que voltarei em breve.

Meu interior ainda não está arrumado, ainda não sei qual o caminho a percorrer, mas a esperança, a fé e o amor estão restaurados.


Para iniciar uma nova caminhada, basta dar o primeiro passo. Mesmo que seja em uma caverna escura, cheia de pedras e de difícil percurso, vale a pena sair do lugar.


Obrigada Mari por dizer que os portões estavam abertos pra mim... Eles realmente estavam, bastava eu entrar!

Shalom...

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